viernes, 17 de febrero de 2012

Tierra raya en portugués


Anteanoche, ya muy tarde, al llegar, un sobre en las manos,

— ¡Toma! Te hicieron un regalo.

Otra vez la generosidad de Mena, ilimitada. Alegría.

Agradecido y convencido, sin duda, una de las personas más entrañables y espléndidas que conozco.

Gracias, Mena (& cía).
 
1.

— Toma, Gonçalo, Aquí tens. O teu primo vai casar.

Puxa! O taxista que se casa com a filha do taxista. Já não era sem tempo.

O convite é convencional, letras douradas, o nome dos pais dela e, no final, em tamanho mais pequeno, pede-se que confirmem a presença. A fulana não deve ter muito tacto. Gordinha, simpática, pintada de loiro, boa, alegre, mas sen tacto. Seja lá pelo que for, pois, caso contrario, bem podía ter evitado ao meu primo aquele vazio no canto do convite. Teria bastado, por exemplo, Julian e Toñi convidam-vos para o seu casamento. Sem mais. Esteve-se nas tintas ao colocar o nome dos pais dela sabendo que o Julian não os tem. Teve-os, mas morreram. Não cheguei a conhecer o pai, Julian tambem não, morreu antes de ele nascer. A mãe, sim, sempre por detrás do balcão, procupadíssima com Julian, obcecada pelos livros, pelos estudos de Julian, porque ele fosse alguém na vida. Mas Julian, que era o mais alegre de todos, o mais bonito, o mais valente, queria ser piloto de Fórmula 1 e isso a sua mãe não o entendia. Morreu sem o entender. Mas já na altura, o Julian tinha-se matriculado em automobilismo e ela já tinha desistido da ideia de ter um filho advogado com escritório no Passeio de Cánovas. Morreu quando o Julian estava no 4º ano, e ele foi o único que naquela noite não se deixou ir abaixo. Dava ânimoa todos nós como se nós todos fôssemos os filhos da defunta. Estava nervoso, é certo, mas sem chorar.

No dia siguente, à tarde, depois do funeral…

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